Manifesto

 

Alexandre Osório, Portugal

 

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[performance]

 

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Manifesto desenvolve-se sobre um campo coberto de despojos abandonados pelos nossos antepassados e que agora recebemos como herança. Sabemos que a nossa liberdade inteletual é condicionada pela posse de bens. A privação dos mesmos tem impacto em todas as áreas da nossa vida, provocando alterações e constrangimentos na construção de uma identidade individual. Vivemos num espaço onde as oportunidades não circulam livremente. Isto pode parecer uma afirmação brutal, e é, mas por mais que falemos de democracia, de fato pouco de verdadeiro se encontra na teoria de que o génio floresce onde cresce, e tanto nos ricos como nos pobres. A História está repleta desses exemplos.
Como é que chegámos aqui? Como conseguimos continuar a inventar possibilidades de futuro estando conscientes do entulho que nos submerge? Num campo coberto de despojos ou cheio de vazios ainda será possível construir alguma coisa? Tentamos acreditar que sim, a genialidade poderá brotar se nos esforçarmos. Mas é necessário determo-nos no passado para perceber o que determinou a situação presente. Viver o presente no passado é determinante na construção de um futuro. Memória, consciência e projeto não podem andar dissociados.A História está repleta desses exemplos.
 

8 Julho . 22h00
9 Julho . 16h00
Parque estacionamento Teatro-Cine, Torres Vedras

 

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Conceção/Criação: Alexandre Osório . Figurinos/Adereços: Alexandre Osório . Banda-sonora: Alexandre Osório e Rui Gato . Intérpretes: Alexandre Osório com Ângela Baltazar, Catarina Artur, Catarina Machado, Pedro Canário, Raquel Baltazar, Rita Lemos, Gonçalo Llansol, Ana Correia, Alice Queirós, Catarina Garrido, Francisco Vilar e Rosa Queirós.

 

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Alexandre Osório - Nos últimos anos, o meu processo e pesquisa criativos, assentam em mecanismos transdisciplinares que pretendem problematizar o cruzamento de diversas áreas do pensamento e da criação artística contemporâneos. Esses processos têm-se debruçado sobre os mecanismos, as narrativas e as imagens que surgem do cruzamento dos fios de uma biografia. Mas essa biografia não pretende chegar a conceitos de individualidade e de verdade, normalmente usados como balizas do exercício biográfico. Com o meu trabalho tenho antes, tentado explorar o indivíduo como elemento refletor do que o rodeia, como projeção de um tempo histórico.
Construindo uma arqueologia da psique individual, vamos desvendando as realidades que sustentam a dinâmica das civilizações. Entrando nas narrativas dos outros, aprende-se a nossa capacidade de maleabilidade, tornamo-nos veículos de comunicação. Podemos transportar um sem-número de histórias, a partir das quais tecemos a nossa própria história. No conjunto do trabalho de performance, vídeo e vídeo-performance, que tenho vindo a desenvolver, tento, constantemente, passar para o espetador a ideia de que "este sou eu, mas não sou eu". Diante desta sinceridade formal, o espetador é livre de saber quem é e de se sentir desarmado perante a radicalidade da viagem que lhe é proposta.