Obras

 

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2 DE ABRIL DE 2003, PIMPÕES
. Espectáculo

 

O fio condutor deste meu novo projeto é o desenrolar de um pensamento à volta do espectáculo. O espectáculo que temos, que fazemos, que vemos, que pensamos, que queremos ver e que habitualmente nos é oferecido. É à procura de uma zona alternativa ao espaço imposto pela sua categorização, que busco novas possibilidades de comunicação, podendo ajustar a sua verdadeira função a novas questões, necessidades e urgências. Romper com as expectativas, com os códigos, os mitos e a ordem, e subvertê-los. Deslizar os sentidos, os conteúdos, e procurar uma nova ordem de entendimento.
Criar, partindo daquilo que supostamente não é visto , não é aceite, e que se considera inútil ou do domínio do “nada”.


. Miguel Pereira

 

 

“Movement became my reason for being, my excuse. Movement for its own sake. I forget who it was who wrote about the importance of doing nothing, how the art of doing nothing is one that most people seem to have forgotten. Well, I decided to resurrect the art. In doing nothing, I would be reduced to what I was moving through. I would, quite literally, become part of the scenery. I would blend, immerse. Dissolve.”


. Rupert Thomson – “The book of revelation”

 

2 de Abril 2003
Os Pimpões, Caldas da Rainha

 

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ANTÓNIO MIGUEL
. Espectáculo

 

Andar à procura de qualquer coisa. Ir para além daquilo que temos. Os limites. Ultrapassá-los. Descobrir algo que nos surpreenda, que nos confronte. Confrontamo-nos com o conforto. Custe o que custar cuspimos quantidades infinitas de coisas que tolhem a nossa cabeça. Acabo de tolher. Algumas novas questões que são novos quebra-cabeças, que curioso. Queria correr, correr, deixar escorrer enxurradas e manias e manhas que me molham os miolos, mas o que é que eu hei-de fazer senão ceder? Ou sentir melhor as minhas músicas malucas avinagradas por pepitas cintilantes mestiçadas de coentros com rabanetes? Mentira é mentira. Esta peça é uma reflexão sobre o espectáculo, sobre a criação e sobre o papel do intérprete enquanto intermediário da obra. É um trabalho de evocação a outros criadores que influenciaram o nascimento desta peça e que questionaram a pertinência do próprio espectáculo.
Foi também a possibilidade de trabalhar a partir da identidade, de duas pessoas que podem ser a mesma ou que influenciando-se criam novos imaginários.
A minhas imagens nascem daquilo que não sou, daquilo que gostaria de abarcar e não posso, porque sou feito de limitações. Se calhar ultrapassando os meus limites ajudam-me a encontrar coisas novas.


. Miguel Pereira

 

26 de Março 2003
Os Pimpões, Caldas da Rainha

 

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M&M´S
. Performance – Concerto

 

Margarida e Miguel Mentiras, Momentos, Maravilhas, Maluqueiras, Mal Ditas, Mamocas Margarida, Moscas, M, Miguel Maço de Músicas, Mantidas a Manteiga M´s, Matadores de Mise en Scéne, Molhos, Milhões de Músicas por Minutos Modas, Modernas, Milagres, Moderato Moderato.



9 de Abril 2003
ESTGAD, Caldas da Rainha

 

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NÃO A VISTE?
. Performance

 

Esta performance, criada em 1995 para os laboratórios da Re.Al, na Malaposta, é uma reflexão à volta do indivíduo, anónimo, que procura reconhecimento através da busca incessante do ser amado, neste caso uma mulher que perdeu de vista e que não consegue encontrar. Esta personagem, sendo cega e usando um cantar lamentado, metaforiza a relação dos afetos com o mundo fechado sobre si próprio, um mundo intricado por teias de aranha que arrasta consigo, representado aqui por um figurino coberto de fios. Como conceito do espectáculo, é introduzido aqui uma outra personagem – a apresentadora que fala inglês – que serve de intermediária entre este homem e o público que o assiste, contando a história sui-generis deste ser perdido no espaço e no tempo.

 

24 de Março 2003
Auditório ESTGAD, Caldas da Rainha

 

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NOTAS PARA UM ESPECTÁCULO INVISÍVEL

. Espectáculo

 

A origem disto tudo nasce de uma reflexão minha e da necessidade de questionar uma realidade social, cultural e política – a actual – que poderá estar coberta com esse tal véu e que nos impede de ver a “verdadeira” realidade, a essência (…) o espectáculo existe porque há uma vivência, uma reflexão, uma pesquisa, uma experimentação, uma preparação “antes”, que permite que o espectáculo aconteça, e um depois consequencial que deixa os seus vestígios, as suas marcas, e assim sucessivamente, numa espécie de espiral. O espectáculo em si será apenas presente, um produto, a matéria que alimenta o sistema e o mercado, sendo assim uma zona intermédia. Como se pode construir, ver um espectáculo invisível?


. Miguel Pereira

 

7 de Abril 2003
ESTGAD, Caldas da Rainha

 

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SOU UM GAJO DECADENTE
. Performance

 

“ Sou um gajo decadente Mas um pouco dependente Tenho cá um desequilibro Sou bué de impotente Mas afinal o que me vale É este meu sangue ardente Por detrás deste meu sexo caliente”. Estas são as palavras que o personagem cruzado entre Billy Idol e Rui Veloso expressa metaforizando a sua incapacidade de lidar com as contrariedades do seu sentir interior e a imagem de sucesso que é obrigado a construir perante o mundo.

 

24 de Março 2003
Auditório ESTGAD, Caldas da Rainha