Uma Casa no Castelo

 

Área de Atividade - Criação - Apresentação

// Intervenção Multidisciplinar

 

O carácter privilegiado do espaço expositivo onde se realiza UMA CASA NO CASTELO permite uma mostra de trabalhos diversificada em termos de abordagens, técnicas, materiais e dimensões. Aproveitando esta ocasião excepcional foram desenvolvidos dois projectos pedagógicos com um grupo de alunos do curso de Artes Plásticas e um grupo de alunos do curso de Animação Cultural da ESAD.CR.
Foram convidados 14 alunos e ex-alunos finalistas do curso de Artes Plásticas de vários anos. Os alunos foram responsabilizados – enquanto autores – a desenvolver trabalho em função do espaço cedido pela Transforma: num primeiro momento estudaram o local, consciencializando-se das suas características específicas e, posteriormente, elaboraram projectos ‘site-specific’, trabalhando ‘in loco’.
A selecção dos alunos e respectivos trabalhos apresentados reúne um conjunto de peças heterogéneo – que tem um denominador comum e estruturante: o desenho.
Aos alunos de Animação Cultural - Adélia Caldeano, Carlos Alves, Teresa Mariana Silva – foi dada a oportunidade de trabalhar directamente e em estreita colaboração com os alunos da Artes Plásticas – jovens artistas – tendo o privilégio de observar o processo criativo de elaboração e construção de um projecto. Este aspecto, normalmente relegado a um segundo plano, foi fundamental no planeamento de todas as actividades pedagógicas e lúdicas, fruto da cumplicidade e do diálogo gerado entre os dois grupos. Ou seja, procurou-se desenvolver um projecto na sua totalidade, em termos formais e éticos: ao responsabilizar o aluno procura-se que crie a sua autonomia - ensinar a autonomia – tornando-o activo e consciente das dificuldades inerentes ao processo de elaboração, apresentação e montagem de uma exposição.
Nos últimos anos, torna-se cada vez mais evidente que o projecto pedagógico da ESAD.CR comporta não só o acompanhamento dos alunos na sua articulação com a prática profissional durante o período da sua formação académica, mas também, o apoio na participação destes em exposições e sua inserção no mercado de trabalho.

 

Data de Apresentação - 26 de Outubro a 17 de Novembro 2007

Local - Casa do Castelo, Torres Vedras

 

Curadoria de - ISABEL BARAONA (PT)

Participantes - ADÉLIA CALDEANO (pt), DAVID MONTEIRO (pt), DIOGO MARTINS (pt), EDUARDA SILVA (pt), EDUARDO MALÉ (pt), FILIPE FRAZÃO (pt), IVAN BARROSO (pt), JORGE REIS (pt), LUCAS ALMEIDA (pt), LUÍS SIMÕES (pt), MARISA GONÇALVES (pt), MARISA TEIXEIRA (pt), MARTA MACHADO (pt), RITA MANUEL (pt), TERESA MARIANA SILVA (pt).

 

Autoria de - TRANSFORMA

 

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CONTA-ME HISTÓRIAS!

. Desenho sobre papel  [2006]

 

Proponho-me compor uma rede de ligações entre pequenos desenhos que, percorridos pelo olhar, nos remetem para uma narrativa.

 

Autoria de - DAVID MONTEIRO

 

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ENTRE MIM E TI SÓ EXISTE UM CORPO

. Fotografia a Cores [2007]

 

A fotografia é fruto de uma performance que utiliza como matérias o corpo, o equilíbrio e a gravidade. E, é através de uma habitação desse outro corpo da natureza, a árvore, que toda a coreografia se desenvolve. Uma performance em que um corpo fica suspenso num tecido que envolve o tronco de uma árvore como se se tratasse de uma bolsa que contém um corpo.
“A Natureza é um lugar a ser habitado que nos permite momentos de transcendência. Num relacionamento íntimo entre o performer e um corpo da natureza vão gerar-se espaços ocupados por sensações. Vão emergir processos de metamorfose de ambos, visíveis por uma corporeidade presente. Um pulsar de ritmos impressos por fendas despoletam momentos de desejo eminente e imanente. São espaços de desejo que emergem no cruzamento entre o dito e o indizível. Sensação não habitável por palavras que surgem para registar um pulsar.”

 

Autoria de - DIOGO MARTINS (PT)

 

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CÓLERA / MULHER PÁSSARO

. Linha de algodão e ecoline sobre papel / Linha de algodão bordada sobre papel [2006]

 

O conceito do meu trabalho situa-se na identidade feminina, na sua associação ao corpo e às suas coordenadas como a moda, a sexualidade e o amor. A moda surge referenciada no meu trabalho através de desenhos de silhuetas, fragmentos do corpo e por desenho padrão, sendo esta uma alusão aos tecidos. Dentro deste contexto surge também a forma como tudo isto é passado para o papel; em que os desenhos são cuidadosamente bordados, sendo estes uma reminiscência dos labores ou trabalhos manuais que têm sido destinados às mãos femininas, ou as chamadas “fadas do lar”. O conceito de sexualidade gera outro tipo de conflito, o da dor e da violência, o do amor como uma operação cirúrgica (citado por Simone de Beauvoir em O Segundo Sexo). Se por um lado os bordados nos transformam em fadas, a sexualidade já nos transforma em prostitutas ou objectos de desejo.
Os meus desenhos resultam de um bordado em papel perfurado, em que a linha branca sobre o branco desenha, numa forma sóbria e silenciosa, a dor e a cólera, que surge nos desenhos por manchas vermelhas, que escorrem no papel como o sangue que escorre na pele rasgada. O branco e o vermelho são formas de vincar o corpo. A figura feminina é marcada pelo silêncio, pela ausência e por acessos de fúria; manchas vermelhas desenham cólera e violência, bordados brancos desenham o silêncio.

 

Autoria de - EDUARDA SILVA (PT)

 

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AMBIENTAR

. Instalação Site Specific [2007]

 

Ambientar é um projecto pensado a partir do tema “onde estás” que reflecte preocupações para além das memórias do “habitar” em relação à Casa do Castelo em Torres Vedras, pois extravasa todo o espaço geográfico Torriense situando-se no plano do debate global e transversal da agenda mediática quotidiana mundial, designadamente o aquecimento do planeta terra e a escassez da água.
Este trabalho tem na sua génesis a fragilidade humana e assenta o seu discurso na lei da conservação da matéria do químico Antoine Lavoisier “nada se perde, tudo se transforma” e elege a reciclagem como processo e o papel como médium (matéria).

 

Autoria de - EDUARDO MALÉ (PT)

 

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SEM TÍTULO

. Projecção de Vídeoe Pó de Grafite sobre Parede [2007]

 

Um desenho que preenche e representa fragmentos arquitectónicos.
Uma luz programada activa esses fragmentos.
Ambos revelam, destroem e reconstroem um novo espaço, habitando-o numa temporalidade própria.

 

Autoria de - FILIPE FRAZÃO (PT) + MARISA TEIXEIRA (PT)

 

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DEIXEM-NOS ENTRAR

. Técnica Mista [2007]

 

Para este projecto Casa do Castelo proponho uma interpretação sensível e efémera sobre o tema "Where are you | Onde estás".
Construo um discurso entre a bidimensionalidade do desenho e a tridimensionalidade da escultura. Com a parede como suporte procuro aliar as possibilidades do meu gesto artístico à energia física do local.

 

Autoria de - IVAN BARROSO (PT)

 

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SPLASH (...)

. Tinta Plástica [2007]

 

A partir da observação que fiz das obras de Torie Begg, cheguei a uma conclusão. Reparei que o assunto estava na objectificação da pintura, onde havia uma recusa da representação na superfície do plano da pintura. Toda a atenção residia, portanto, nos bordos da imagem. A tinta escorrida que se apresentava para além dos bordos, é enfatizada pela ausência de assunto na superfície do plano da pintura. Perante isto, entendi que a tinta se queria autonomizar do suporte, e concluí a minha interpretação com uma questão: “Quais serão os requisitos mínimos para uma pintura?”, ao que respondi “Se a tinta se quer autonomizar do suporte, é porque a tinta se mostra, de facto e devido a esta situação, como um elemento que se pretende desprender dos conceitos canónicos de academismo.”
Tomei decisões que foram, portanto, reveladoras para o meu trabalho, tais como a de apresentar uma situação de mancha de tinta que parece ter sido acidentalmente deixada cair no espaço. Este aspecto acidental dissocia-se de qualquer intenção de representação. Uma vez que é dado este aspecto acidental, o espectador jamais poderá interpretá-lo como se ele tivesse origem num acto propositado. Nesta situação não é feita nenhuma invocação de suporte de pintura, porque a mancha afirma-se apenas como uma mancha de tinta proveniente de um acto desprovido de intenções. O suporte de pintura é rejeitado, mas o que passa para o espectador não é essa recusa. Na imediatez da apreensão da mancha, o espectador sente o inesperado, e a surpresa, por causa do aspecto acidental da mancha e da relação que ela tem com o espaço. O espaço acaba por ser um elemento muito importante neste projecto. É nele que consigo, de facto, desviar-me de todas as intenções de representação em pintura, partilhando a mesma relação que estava patente nas décadas dos anos 60 e 70 com o minimalismo e o conceptualismo americanos. A relação obra – espaço, é tomada, agora neste momento, como a matriz da experimentação no meu trabalho.

 

Autoria de - JORGE REIS (PT)

 

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AS MEMÓRIAS DO MÁRMORE

. Tinta sobre mármore [2007]

 

Comecei por desenhar no mármore sem pensar muito. À medida que ia desenhando surgiram várias questões. Comecei apenas por salientar a riqueza já existente no próprio mármore, mas depois comecei a sentir que não me estava a exprimir, que não tinha gesto, então fui tentando adequar, adaptar-me àquela profundidade de texturas e cores existente naquela mesa. Tentei encontrar o equilíbrio entre as formas e o gesto, dar a força e energia, naquela matéria subtil existente para além da superfície.

 

Autoria de - LUCAS ALMEIDA (PT)

 

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NÃO, NÃO! NÃO É UM JARDIM. ERA UM ESPAÇO DE TRABALHO

. Materiais recolhido e trabalhados no local [2007]

 

O facto do jardim estar ao abandono provoca uma inquietação também sentida na casa, pela sua falta de vida. No entanto, a presença da bomba de água poderá devolver ao lugar uma memória das suas vivências, em simbiose com um processo de regeneração e revitalização do espaço natural.

 

Autoria de - LUÍS SIMÕES (PT) + RITA MANUEL (PT)

 

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SEM TÍTULO

. Pó de Grafite sobre Parede [2007]

 

Em primeiro lugar o meu trabalho é sobre uma parte do corpo: as pernas. Pretendo captar a atenção para uma parte do corpo para a qual pouco olhamos ou até contemplamos. Hoje em dia é o rosto que lidera a atenção das pessoas. Esquecem-se que são dependentes de uma importantíssima parte do seu corpo. As pernas e os pés que suportam todo o nosso peso e ainda nos “transportam”, nos fazem ter livre mobilidade para levar uma vida independente dos outros.
O pó de grafite dá-lhes a expressividade que pretendo. Modela, arredonda, torneia, contorna e transforma. Mostram a sua volumetria pelo uso das sombras negras que aumentam a sua expressão. Valorizo a sua importância, a sua função, a sua estética. O corpo é o nosso único lugar de expressão pessoal. Um corpo com o qual nos devemos moldar, afeiçoar, ajustar, domesticar. Aproprio o objecto corpo. Pretendo manejá-lo de todas as formas possíveis. Torná-las um elemento “quase” separado do corpo. As pernas apresentam diferentes posturas de um corpo que se pretende revelar em tensão. O intuito é fazê-las ganhar autonomia. Elas pertencem a um só corpo, transformam-se, conquistam leveza.

 

Autoria de - MARISA GONÇALVES

 

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SEM TÍTULO

. Vídeo [2006]

 

O Entretanto:

Pensar é fechar
e não pensar
é correr as cortinas
mas ela não tem cortinas!
Despe
abre uma cova e enterre-as
Ouço
nem demora, nem chegada
mas um quadrado
um...
regressar e torcer
e haver árvores ao fim da rua.

 

Autoria de - MARTA MACHADO

 

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OS AROMAS DA VIDA

. Atividade Educativa

 

Na Casa do Castelo em Torres Vedras, decorrerão actividades no âmbito da valorização e do conhecimento de plantas e ervas aromáticas, sentindo o aroma, a textura e a forma.
Desde os primórdios da civilização que as plantas e as ervas aromáticas fazem parte da vida quotidiana da humanidade, esta memória é uma herança que devemos preservar e recuperar através da tradição oral, da divulgação e do conhecimento.


Objectivos:


-Transmissão da experiência sobre ervas culinárias aromáticas e pela acção terapêutica de determinadas plantas e ervas.
-Valorizar os saberes da população mais idosa através do registo (gravação / transcrição /fotografia), que posteriormente poderá ser editado.
-Divulgar a tradição, a herança e a ciência, de um povo sobre ervas e plantas aromáticas, ás populações mais jovens.

 

Actividade 1


Pretende-se através de jogo de adivinha reconhecer as plantas pelo aroma e cheiro, sendo posto à disposição um certo número de amostras de ervas e plantas, sensibilizando as pessoas, para a existência da relação com as mesmas, podendo contar histórias, escrever, desenhar ou partilhar experiências…
Esta actividade direcciona-se para o público em geral.

 

Actividade 2


Dar a conhecer aromas e cheiros da natureza aos participantes sendo convidados a explorar os cheiros, os aromas, as texturas e formas das plantas e ervas, tendo a imaginação como pano de fundo, para desenhar, colorir despertar e sensações.
Esta actividade tem como público-alvo as crianças estimulando-as para um mundo de cheiros e sabores, a partir das plantas e ervas aromáticas.
Estabelecer uma relação com a casa e os visitantes contando um pouco da sua história enquanto edifício.

 

Data de Apresentação - 26 de Outubro a 17 de Noovembro 2007

Local - Casa do Castelo, Torres Vedras

 

Autoria de - ADÉLIA CALDEANO (PT)

 

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DE ENCONTRO A TI MESMO, NUMA CASA NO CASTELO

. Atividade Educativa

 

O desafio de pintar sobre uma folha branca esteve lado a lado com a oportunidade de brincar às escondidas com as imagens criadas por alguns pintores consagrados na história da arte. Um desafio não menos promissor e aliciante, assumido com entusiasmo também pelos graúdos que visitaram a nossa exposição. Esta atividade foi concebida em parceria com o artista plástico Jorge Reis, fomentando a reflexão sobre o seu projeto de pintura patente nesta exposição. Com canetas de feltro, pincéis, pastéis de óleo e até corrector branco, os nosso visitantes puderam camuflar, encobrindo e recriando, as vestes e penteados das personagens que habitam as pinturas figurativas de Paula Rego e Edgar Degas, acessíveis ao público nos museus portugueses. Através do desenho atribuíram-lhe emoções. Balões de pensamento, palavras, sons, conversas imaginárias, novas cores e texturas para a pele de um mundo sensível, símbolos. Novas presenças e ausências foram criadas alterando a composição do espaço que materializam. Este ato de recriação crítica torna claras as decisões que tomamos para criar uma composição visual, aproximando-nos da consciência do gesto artístico. Uma percepção de como nos relacionamos com o todo que nos rodeia e do qual somos parte. De encontro a ti mesmo, numa casa no castelo.

 

Data de Apresentação - 26 de Outubro a 17 de Novembro 2007

Local - Casa do Castelo, Torres Vedras

 

Autoria de - MARIANA CAMACHO