Área de Atividade - Criação / Apresentação
// Dança
Residência Artística
Jornada Incidental é uma performance que se desenvolveu a partir dum projecto artístico maior intitulado Jornada Acidental.
Jornada Acidental é uma investigação sobre os acidentes em seis cidades europeias - acidentes domésticos em casa, acidentes rodoviários e acidentes da memória colectiva que se gravaram na fisionomia das cidades. Os testemunhos e as pessoas envolvidas são entrevistados e os sítios dos acidentes visitados. O projecto conta os acontecimentos na forma de narrações e procura reconstruir o evento verbalmente ou através dos movimentos. Deste modo, uma rede de sítios e cenas e histórias se desenvolve, que será traçada num mapa e que eventualmente tornar-se-á num passeio turístico sobre acidentes a percorrer a cidade. Os acidentes serão traçados, descritos e reconstituídos no lugar.
Os Acidentes
Wikipedia, a enciclopédia virtual na Internet, define os acidentes nas seguintes palavras: “Um acidente é um evento repentino e não voluntário que tem um impacto sobre uma coisa ou sobre um ser vivo, causando danos de várias intensidades.”
Se um conjunto colectivo (ex. os habitantes duma cidade ou dum país) fica traumatizado por um acidente, esse trauma será tratado nos meios públicos de comunicação como os comentários dos jornais ou os documentários televisivos. Jornada Acidental concentra-se nas narrativas que aparecem durante o tratamento das consequências imediatas dum acidente. Como é que essas consequências e os seus impactos influenciam o comportamento dum indivíduo ou do conjunto colectivo (se, de facto, influenciam-no de alguma forma?). O que ficou? O que desapareceu?
O Momento
Fisiologicamente, o momento não se percebe. Isso quer dizer que estamos sempre ocupados a lembrar-nos daquilo que se passou, mesmo quando pensamos que estamos no próprio momento. A dança, embora possa ser repetida através da arte da coreografia, é constantemente enfrentada com o facto de ser efémera. Sem questionar mais essa inscrição, interesso-me nas semelhanças entre a dança e o fenómeno do momento e, deste modo, no evento dum acidente.
O sítio da cena
(A palavra schauplatz literalmente significa “lugar do espectáculo” e descreve um sítio onde alguma coisa aconteceu).
Então como é que um sítio se transforma num cenário? O que tem de acontecer para que um sítio num espaço público ou particular se torna tão carregado que é considerado um schauplatz?
Basicamente, e a seguir os pensamentos que nos trouxeram até este ponto, um schauplatz é um lugar onde alguma coisa aconteceu que se negoceia em seguida. Uma pessoa, ou um grupo de pessoas, algumas delas envolvidas, outras apenas testemunhas, e ainda outras meramente curiosas, perguntam umas às outras e a elas próprias: O que aconteceu? E: O que é que isto significa?
Data de Criação - 5 a 18 de Março 2006
Local - Tzero, Praça do Município 8, Torres Vedras
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Apresentação
Uma cidade é cheia de sítios: sítios visíveis, visitados pelos turistas ou pelos cidadãos interessados, mas também sítios invisíveis que foram o lugar dum evento que já desapareceu depois e apenas continua a existir nos arquivos, ou sítios que ficam mais ou menos invisíveis enquanto fazem mais visíveis os movimentos e as acções dos habitantes das cidades - as máquinas de filmar são uma das ferramentas que supostamente fazem as nossas vidas mais seguras, para nos proteger das actividades ilegais e para prevenir que os incidentes criminais se aconteçam. Os funcionários de segurança produzem imagens de nós que nunca vimos. A polícia da fronteira patrulha os limites territoriais do país para assegurar que os imigrantes ilegais não entram. Os programas de boa vizinhança observam os vizinhos para detectar um comportamento suspeitoso. Há uma rede invisível da produção de informação que se grava em quase todas as cidades hoje em dia. Em vez de participar nessa mania de segurança, Martin Nachbar pretende procurar as máquinas de vigilância, detectar os incidentes, falar com os vizinhos, imigrantes e funcionários e técnicos de segurança. E obrigá-los-á a desvendar as suas memórias, experiências e conhecimentos (ou de observar ou de esconder dessa observação). Eventualmente, criará um passeio guiado ao longo dos sítios e das histórias que encontrou. Este passeio visa devolver aos habitantes da cidade aquilo que lhes pertence - um comportamento não observado, independentemente de ser suspeitoso ou não.
Data de Apresentação - 18 de Março 2006
Local - Tzero, Praça do Município, Torres Vedras
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Autoria de - MARTIN NACHBAR (DE) & LÍLIA MESTRE (PT/BE)